Quando fechei a porta, coloquei as malas no chão, tomei um belo banho e me deitei para dormir percebi que minha janela estava em frente a rua. Nesta rua, do outro lado, passava o trem, que insistia naquele apito a cada momento, fiquei muito brava... olhei para aquele quarto minúsculo e pensei, "Eu decididamente estou ficando louca!!!! O que é que eu estou fazendo aqui????" e tive uma catarse de tanto chorar.
Acordei na madrugada desta mesma noite, às 3 horas, pois tinha combinado com a Ilma de irmos juntas para o Darsham (é a benção que Swami dá a todas as pessoas reunidas no mandir). Fomos muito cedo mesmo pois ela queria que pegássemos um bom lugar. Vesti um lindo punjabi (roupa indiana de calça comprida e tunica) rosinha e uma pashmina da mesma cor pois de manhã cedinho nesta epoca do ano é bem frio, só esquenta lá pelas 10 horas. Mas aí fica bem quente, esfriando à noitinha, uma delicia!!! Já me sentia muito bem, dormi feito anjo e nem escutei trem nenhum... Ilma chegou alegre e animada e saímos as duas pelas ruas de terra daquele vilarejo sagrado.
A noite estava lotada de estrelas e no ar havia aquele aroma de incenso magnifico e eu podia ouvir mantras vindos de algum lugar, tudo era novo e misterioso. Chegando próximo ao portão de Brindavan já se via e ouvia muitas pessoas acordadas, parecia dia, mas eram 4 e meia da manhã e eu estava desperta como nunca estive em minha vida. Atravessei o lindo portão azul e rosa, para a empreitada mais importante de minha vida, a descoberta de mim mesma, o despertar para o amor e a compaixão por todos os seres e a descoberta que o divino que eu tanto buscava, estava em mim. Tudo que eu lia mas não compreendia, tive a benção de sentir. Ah! e desde então, aquele apito do trem, que antes eu achava triste e me incomodava tanto tanto, passou a ser poético.


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